Matéria retirada do site www.onordeste.com
PESQUISA // Caminho entre a indústria e os produtores de frutas da região está sendo articulado pela Agência de Cooperação Alemã GTZ e Prorural
PESQUISA // Caminho entre a indústria e os produtores de frutas da região está sendo articulado pela Agência de Cooperação Alemã GTZ e Prorural
Há algum tempo a indústria de sorvete tem buscado novos sabores, principalmente de frutas, diversificando a linha de produtos para o consumidor. Manga, cajá, acerola, uva e graviola já podem ser encontrados no mercado.
Em breve, talvez seja possível provar sorvetes com um toque tipicamente nordestino, como siriguela, goiaba e pinha. O caminho entre a indústria e os produtores de frutas está sendo articulado pela Agência de Cooperação Alemã GTZ e pelo Programa Estadual de Apoio ao Pequeno Produtor Rural (Prorural).
"A proposta é que as frutas sejam adquiridas dos agricultores familiares e está sendo negociada diretamente com a Associação Brasileira da Indústria de Sorvetes (Abis). Além de qualificar as agroindústrias para atenderem os padrões de qualidade, controle, escala de produção e de entrega, o trabalho também inclui a discussão de contratos de longo prazo, com preços justos - que garantam uma margem de lucro para os agricultores", explicaRejane Tavares, coordenadora do escritório da GTZ no Nordeste.
Pernambuco é o estado mais avançado nas negociações, pois está utilizando a articulação do Prorural no programa de combate à pobreza para mobilizar os pequenos produtores. No estado, foram identificados 18 grupos associativos com possibilidade de participação no projeto denominado Tecendo Redes Inovadoras.
Os municípios onde as frutas são produzidas são Triunfo, Dormentes, Ipubi, Ouricuri, Mirandiba, Bonito, Palmares, Chã Grande, Pombos, Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Flores, São Benedito, Gameleira, Cabo de Santo Agostinho, Quipapá e Pombos. Cada grupo conta com uma média de 30 famílias associadas e muitas outras cadastradas.
"Já há pedido de polpa de acerola e graviola para uma indústria de São Paulo. Estamos orientando a assinatura de um termo de compromisso para não deixar os produtores dependentes de um só comprador", explica o gerente-geral do Prorural, José Patriota, que aponta os agricultores do Sertão como os mais organizados até agora.
Na prática, os agricultores já fornecem produtos como polpa, doces, frutas, mel e verduras para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) - que distribui os itens para as escolas públicas de vários municípios - mas a parceria com a Abis também tem o intuito de diversificar os compradores e inserir os produtores num mercado mais amplo.
Além de Pernambuco, a GTZ também articula a participação de agricultores familiares da Bahia, do Piauí, de Sergipe e Alagoas. Além do Prorural, são parceiros da iniciativa no estado a Vigilância Sanitária, o Instituto Tecnológico de Pernambuco (Itep), o Instituto Agronômico de Pernambuco, a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente (Sectma), além de outras ONGs e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Conab.
Fonte: Diario de Pernambuco - 3/10/2009
12 mil quilos de polpa/ano
Uma das entidades que fornece polpa de fruta para a Conab desde 2008 é a Associação de Desenvolvimento Rural Sustentável da Serra da Baixa Verde (Adessu), que conta com associados de Triunfo e Santa Cruz. O contrato prevê a entrega de 12 mil quilos de polpa em um ano. As frutas são produzidas no sistema agroecológico, sem utilização de agrotóxicos e com certificação.
"O importante é a gente estar produzindo hoje sabendo que tem mercado para oferecer os nossos produtos. Além da Conab, os agricultores também vendem nas feiras, mas queremos abrir novas portas", explica o coordenador da Adessu, Robério Melo. O contrato através da cooperativa garante aos pequenos produtores um preço maior do que o praticado pelo mercado. O quilo da polpa de fruta no mercado tradicional, por exemplo, custa R$ 3,50, negociado pela cooperativa, o valor sobe para R$ 5,20.
Ainda sem saber se terá capacidade de fornecimento para atender a indústria de sorvetes, a agricultora Maria das Dores Alves da Silva, de Afogados da Ingazeira, se mostra animada com a ideia. Ela e outras três mulheres tocam uma minifábrica de doces e polpas de frutas da Associação Rural de Monte Alegre. Com o marido trabalhando como autônomo, ou "alugado", como diz dona Maria, cobrando uma diária de R$ 20, o dinheiro conseguido por ela com o trabalho na minifábrica ajuda a complementar a renda da família.
"A gente começou há oito anos e colocou o nome do grupo de xiquexique - porque é uma planta que morre logo e ninguém acreditava que a gente ia conseguir. Os homens diziam que a gente não plantava nem um pé de coentro. A gente mostrou que é capaz", conta, orgulhosa, dona Maria.
Por mês, o grupo de mulheres consegue tirar cerca de R$ 50 para cada uma com a venda de doces, mais um extra com a venda de polpa de frutas. Além disso, dona Maria leva a produção das mulheres (ovos, galinha, frutas) para vender na feira do município e diz que a vida melhorou. "Eu mal assinava meu nome. Esse cabelo branco foi de muita preocupação. Cuidava do meu pai e da minha mãe, doentes, não conhecia quase ninguém. Eu quase não conversava. Agora não dá para passar bem, mas dá para levar", recorda a agricultora, que pela espontaneidade e o jeito com os clientes, hoje é responsável pelas vendas dos produtos.
Fonte: Diario de Pernambuco - 3/10/2009
É... deve ter sido uma boa solução ter extinto a antiga fábrica de polpas... ou não né?!
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