terça-feira, 22 de junho de 2010

Homenagem a Irmã Rafaela

Homenagem a madre triunfense (diário de pernambuco 14/08/1992)
Margot Lima

A grande Rosa era na verdade, franzina em compleição física. No rosto arredondado, olhos perspicazes eram emoldurados por espessas sobrancelhas e óculos de grau. Finos lábios denunciavam a criança de sua alma, no sorriso constante com que interagia com tantas outras crianças, as quais ensinava, ora o canto orefeônico, ora jogos lúdicos, religião, boas maneiras e até corrigia, com maestria, aqui e ali, acordes dissoantes nos ensaios da Banda Marcial. Como dizemos os desentendidos do traçado musical:"tinha um excelente ouvido, aquela Rosa..."
De berço alemão, Rosa Aberler por batismo, nasceu aos 07/10/1909, predestinada a servir ao próximo: predestinada a ser triunfense! Aqui chegou nos idos 1939, com mais oito fransciscanas. Trazia vocação, boa vontade e espírito de franciscanidade. Não ono aspecto das humildes sandálias e fala mansa, mas no da força ferrenha do espírito, da coragem, do conhecimento superior que deferencia. Começou novo tempo para Triunfo!
Edificaram prédios, difundiram o ensino-educação em moldes que, provavelmente nossos filhos não obstante todo avanço imprimido ao setor educacional, jamais conhecerão igual. Este é o fundado orgulho de quantos tiveram o privilégio de estudar com a Rosa Franciscana!
Honestidade, nobreza de caráter, elevação do espírito, pautavam nosso convívio em sala de aula, com aquela que será eternamente: Madre Rafaela! Aqui, o hábito de monja lhe mudou o nome, mas não se perdeu o néctar da Rosa!
Rafaela que suportou bravemente os revezes que lhe trouxe a vida: a distância da família, a inevitável perda de suas companheiras, o acidente que lhe machucou a perna, o uso da muleta, o imperdoável avanço da idade, a doença que a baniu de nossa convivência. Nenhuma palavra de revolta; nunca a tristeza maculou aquele sorriso, que vi, algumas vezes de minha juventude, transforma-se em saborosa gargalhada...
Rafaela, que estrapolou os muros da congregação, num relevente trabalho filantrópico junto aos filhos da adversidade, mitigando-lhes o sofrimento, a pobreza material.
Rafaela, puro sentimento de vida! Capaz de travando diálogo com pequenino do Jardim da Infância, estabelecer com ele o mais puro entendimento, e com igual sensibilidade, passar o tremendo "pito" naquele adolescente rebelde...
Rafaela não era imune à morte...e Triunfo viu nesse 22 de junho, à passagem do cortejo, alunas de blusa branca e saia azul-pregueada, símbolo do Stella Maris, reverenciando o símbolo maior. A Banda Isaías Lima cumprindo doloroso dever, executava a marcha fúnebre para quem, durante 50 anos de exclusiva dedicação ao próximo, semeou alegria, alívio e amizade...
Compreendi, então, que a Rosa virou Saudade!

0 Comentários:

Postar um comentário

1 - Deve assinar com nome e sobrenome o post no final caso escolham a opção "anônimo" ou se identificar usando a opção "Nome/URL".
2 - O comentário tem que ser escrito em português, pelo menos com suas regras básicas.
3 - Qualquer adjetivo pejorativo a qualquer pessoa será deletado.
4 - Sobrenomes pejorativos também serão apagados.
5 - Comentários não relevantes ao tópico também serão apagados.