sexta-feira, 18 de outubro de 2013

18 de outubro - Dia do Médico



Aquele que se dedica para salvar uma vida e que é sempre mal interpretado quando diz não. Que trabalha 24 horas seguidas e não tem o direito de se sentir cansado e de errar, nunca. Aquele que quando diz que você está com uma virose é sempre menosprezado, mesmo quando você está apenas com uma virose. Que trabalha longe de casa e que adia muitos dos seus sonhos, tudo em nome de sua formação. Que faz um vestibular, residência, subespecialização, acumula títulos e quando cobra um valor que justifique toda a sua carga de aprendizado, é chamado de mercenário. Que dizem que ele não vai ao interior, mas ele está lá, trabalhando e cuidando de vidas, mesmo que no limite delas e sem estabilidade alguma. 

Quem muitas vezes não tem direito de se ausentar do consultório para se alimentar, porque tem muita gente lá fora precisando dele e ele é o único profissional que pode servir naquele momento. Que faz sempre um favorzinho, mas quando não faz algum do tipo abusivo, ganha a antipatia de toda a equipe. Aquele profissional que vem enfrentando todas as retaliações de um governo que pouco valoriza os profissionais brasileiros. Sim, ele é o alvo da vez, a sua classe pode ser a próxima. Muitos julgam o seu comportamento, muitos não compreendem o seu universo, outros o enxergam como vilão.

Ele tem o dissabor de ver sempre manchetes em jornais impressos e na TV, que denigrem a sua imagem, mas raramente divulgam o lado bom do seu trabalho. Sofre com a generalização em massa de sua classe, tomando como base péssimos exemplos, como se a sua profissão fosse a única a ter indivíduos descomprometidos. Para ele não tem perdão. Mas ele tem que ser acima do bem e do mal e não pode deixar seus sentimentos interferirem nunca na sua relação com o paciente. 

Dizem que ele é semi-deus e com isso o castram de alguns direitos pertinentes a todo cidadão comum. Ele é julgado por ir a festas, por se divertir, por tomar uma bebida e quando o faz, sempre escuta algo do tipo: "achei que vocês não faziam isso!". Ele é julgado, acima de tudo, quando reivindica por seus direitos e melhorias na sua carreira, pois todos podem, mas ele não. Ele que adoece, mas não pode faltar o plantão, porque não tem quem assuma no seu lugar. Vai trabalhar assim mesmo. Engole o choro e abre um sorriso de bom dia e não raro recebe uma resposta hostil de quem acaba de chegar e ainda é quase que obrigado a fornecer um atestado para alguém com plenas condições de trabalho, sob o custo de uma ameaça. 

Ele que se sacrifica, suja suas mãos de sangue pelo ato de salvar e se algo der errado, advinha? A culpa é dele. Para muitos, ele tem que ter o poder de salvar sempre. Para outros, ele tem que funcionar o tempo todo e até na sua folga o seu telefone toca para tirar uma dúvida de alguém ou socorrer o próximo ou até mesmo ajudar a resolver o problema da filha da tia da vizinha. 

E no final, esquecem que de semi-deus ele não tem é nada, que só quer ter os mesmos direitos dos outros trabalhadores, realizar seus sonhos e desfrutar da sua natureza absolutamente humana, igual a sua. Sim, aquele que é como você, mas que, por vocação, escolheu ser médico. A todos esses que fazem sempre a Medicina valer a pena, parabéns! Como imortalizou o poeta Gonçalves Dias: 

“Viver é lutar
A vida é combate,
Que os fracos abate,
Que os fortes, os bravos
Só pode exaltar!"

Em nome da Medicina que amamos, acreditamos e juramos, continuemos a luta.

Dr. Greg, do Diário de um Plantonista.

1 Comentários:

Águia disse...

Parabéns aos Médicos ! Mesmo com um dia de atraso ! Salve !
Este salve envio para todos os Médicos de alma , humanizados ! ♥

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