quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ateu vota nessas eleições?


Na semana passada, em conversas de faculdade, um colega me fez uma pergunta um tanto capciosa: “ateu vota nessas eleições?”.

Claro que a pergunta teve sentido jocoso, mas retrata um tema que ganhou muita força no processo eleitoral desse ano, em especial quanto aos presidenciáveis.

Por sua natureza, determinadas temáticas não podem (ou não devem) se misturar.  Em verdade, o que não pode haver é uma sobreposição de temas. Tenho o entendimento de que opções religiosas e sexuais não devem se sobrepor ao debate político, até porque este é o cerne das eleições. Não que política e religião devam ser totalmente desassociadas, de modo algum, mas a opção religiosa de candidato A ou B não pode ser feita de “cavalo de batalha” para ele ou seus eleitores, seja em prol ou contra.

Entre os candidatos à presidência, Dilma Rousseff e José Serra, a questão do aborto tem sido explorada ao máximo. Tema de grande relevância, sem dúvidas, mas que está sendo levado para o “lado da fé”, quem é a favor ou contra, quando na realidade deveria ser discutida a legalidade de medida tão extremista (pela polêmica do assunto, reservo-me a tratar do mesmo em postagem exclusiva). Contudo, aqui faço uma ressalva: penso que essa discussão sobre o aborto compete muito mais ao parlamento do que à presidência, mesmo sabendo da influência exercida por esta quando detém maioria no Congresso Nacional.

Outro exemplo vem da vizinha Paraíba, onde haverá segundo turno para governador. Simpatizantes do candidato José Maranhão (PMDB) estão distribuindo panfletos que de certa forma estimulam o confronto religioso. Dizem que o candidato Ricardo Coutinho (PSB) é ateu e que o mesmo teria feito um pacto com o diabo, sendo que imputam ao ex-prefeito de João Pessoa a construção de monumentos diabólicos como forma de oferenda.

Como se percebe, este é um debate vazio, que em nada contribui para a melhoria da realidade social. Enquanto isso, temas importantíssimos, como educação, saúde e meio ambiente, ficam relegados ao segundo plano nas prosas populares.

E você, (e)leitor, já providenciou na igreja da esquina seu “atestado” ou sua “Certidão de Fé”? Dia 31 está chegando...

1 Comentários:

Jully disse...

Adorei seu texto, Jô! Retrata exatamente o que penso a respeito de colocarem questões religiosas acima de assuntos mais relevantes.
No aguardo para ler mais posts bacanas como este.

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