sexta-feira, 18 de março de 2011

Em entrevista a "Veja" Arruda mostra como funciona a política brasileira



Cassado por corrupção e expulso do DEM por improbidade administrativa, o ex-governador de Brasília, José Roberto Arruda, botou lenha na fogueira, neste final de semana, ao dizer à revista “Veja” que o “mensalão” do DEM foi a mesma fonte de onde saíram recursos para pagar dívidas da campanha de Cristovam Buarque (PDT) a presidente da República, de Micarla Souza (PV) à prefeitura de Natal e de Marco Maciel (DEM) à reeleição ao Senado.
“Dancei a música que tocava no baile”, confessou Arruda, acrescentando que nada fez de diferente do que a maioria dos políticos faz: obter ajuda de empresários que trabalhavam para o governo a fim de bancar as despesas das campanhas dos candidatos amigos.
Arruda chama de hipócritas os políticos do seu ex-partido que foram à tribuna das duas Casas do Congresso pedir a cassação do seu mandato e a sua expulsão da legenda depois que os episódios do “mensalão” vieram à tona, especialmente José Agripino, Demóstenes Torres e Ronaldo Caiado.
“Ninguém se elege pelas idéias e sim pelo tamanho do bolso”, afirma o ex-governador de Brasília.
Segundo ele, como era o único governador do DEM eleito na campanha de 2006, recebia pedidos do Brasil inteiro e na medida do possível atendia a todos.
Contou que na campanha de 2008 recebeu a visita de José Agripino no Palácio das Águas Claras. Ele foi pedir-lhe 150 mil reais para a campanha de sua candidata (Micarla Souza, do PV) à prefeitura de Natal. Deu o dinheiro e depois a prefeita lhe agradeceu, pessoalmente.
Nesse mesmo ano, ajudou também a campanha de ACM Neto à prefeitura de Salvador e a de César Maia (DEM) à do Rio de Janeiro, a pedido do seu filho, Rodrigo.
Em 2009, acrescenta ainda Arruda na na entrevista, “ajudei um dos políticos mais decentes que conheço”: Marco Maciel (DEM-PE). Disse que foi convidado para um jantar na casa de Marco, em que estavam presentes o ex-ministro Gustavo Krause e o prefeito Gilberto Kassab.
“Krause explicou que, para fazer a campanha de Marco Maciel (à reeleição), era preciso 150 mil reais por mês. Eu e o Kassab nos comprometemos a conseguir, cada um, 75 mil reais por mês. Alguém duvida da honestidade de Marco Maciel? Claro que não. Mas ele precisava se eleger”.
“O senador Cristovam Buarque, que eu conheço há décadas, um dos homens mais honestos do Brasil, saiu de sua campanha presidencial de 2006 com dívidas. Ele pediu e eu ajudei”.
“Ajudei também o PSDB sempre que o senador Sérgio Guerra, presidente nacional do partido, me pediu. E por meio do Eduardo Jorge”.
Em suma, o governo do Distrito Federal, na gestão de Arruda, foi uma verdadeira “mãe” para os políticos amigos. Mas apenas ele pagou o pato por ter sido flagrado por uma câmara indiscreta recebendo um pacote de dinheiro do vigarista Durval Barbosa, que fora membro da sua equipe.

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