O que Lula não fala sobre o Bolsa Família

São Paulo – Na hora de contar a história do programa Bolsa Família, criado em 2004, a memória do ex-presidente Lula não pode ser considerada exatamente acurada. É o que mostram dois novos vídeos postados no site do PT com palestra do ex-mandatário no Instituto Lula, em São Paulo.

O petista afirma, por exemplo, que “não havia cadastro” das famílias aptas a receber benefícios no Brasil à época, o que contradiz a própria lei que criou o programa.

Veja exemplos abaixo do que o ex-presidente - apesar de reconhecido mundialmente pela envergadura que deu às políticas sociais no Brasil - prefere não falar.

“A primeira coisa grave que encontramos para poder fazer com que a política social vingasse, é que nós descobrimos que não havia cadastro no Brasil”, diz Lula. 

Mas o cadastro já existia. A própria lei que criou o programa, no entanto (10.836/2004), estabelece claramente que o Bolsa Família seria a unificação de iniciativas do governo anterior, como o Bolsa Escola, Bolsa Alimentação e o Auxílio Gás.

Todos os programas passaram então a ficar sob a guarda de uma lista única, o chamado Cadastramento Único do Governo Federal, mantido até hoje, que tampouco foi criado pelo petista na presidência. É de 2001.

Não só havia um cadastro, como a sugestão por unificá-los partiu de um governo oposicionista, como notou o jornalista Josias de Souza, em seu blog.

Matéria da NBR, meio de comunicação oficial do governo, abordou o lançamento do programa com a seguinte abertura, em 2004:

“O programa Bolsa Família, lançado hoje em solenidade no Palácio do Planalto, foi proposto pelos governos estaduais ao presidente Lula em reunião realizada em Brasília há 20 dias. A ideia partiu inicialmente do governador Marconi Perillo (PSDB-GO)”, diz a reportagem..